Artista Visual | Janeiro 2016 | Portugal
“Sinto-me honrada por ser a segunda mulher entrevistada no If You Walk the Galaxies”, referia Tatiana Macedo enquanto se sentava e lhe colocávamos o microfone. A ideia e a necessidade de feminismo é subtil e delicada, como o discurso de Tatiana Macedo, artista visual de 34 anos, que venceu no ano passado a primeira edição do prémio Sonae Media Art, no valor de 40 mil euros. Está, desde o início de 2016, a viver em Berlim, onde vai permanecer até ao final do ano, a propósito de uma residência artística na Künstherhaus Bethanien. A peça em vídeo vencedora do prémio chama-se ‘1989’, esteve exposta juntamente com os outros finalistas no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em Lisboa, de 21 de Novembro a 31 de Janeiro, e passa de um primeiro capítulo, em que trabalha a intensidade dramática do debate histórico entre James Baldwin e William F. Buckley Jr. na Universidade de Cambridge em 1965 sob a temática ‘Is the American dream at the expense of the American negro?’, para um segundo capítulo em que retrata uma tradutora chamada Laura, que faz tradução simultânea de textos numa cabine de um auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Um terceiro capítulo leva-nos até Pequim e Hong Kong e a paisagens urbanas despojadas. As minorias discriminadas e a posição com que nos colocamos perante o outro são questões centrais no seu trabalho. E a ideia de fronteira – um olhar sem dentro nem fora, um olhar neutro. Como o de Deus. Tatiana Macedo usa e abusa do plano picado, o God’s eye view – como uma provocação.