NUNO MOURA

Editor/ Poeta | Fevereiro 2016 | Portugal

Lemos o ‘Canto Nono’ de Nuno Moura e vêm-nos à cabeça imagens de uma memória colectiva do país; um copo alto, delicado, debruado a ouro, com as insígnias do Benfica campeão da Europa em 60/61; as chinelas de duas fitas largas de cabedal castanho, cruzadas, com que o poeta e editor da Douda Correria nos recebe em casa. O livro marcou o primeiro lançamento da editora, em 2013, e é escrito no pretérito imperfeito – um Canto do era, ao contrário dos Cantos de Camões sobre um país de futuro. Nuno Moura contrapõe, dizendo tratar-se, esse país no pretérito imperfeito, do país que não deixa de o ser no presente. Antes de irmos para um espaço de trabalho nas águas furtadas do apartamento onde vive falar sobre as aventuras da Douda Correria mas também da Mariposa Azual e da MiaSoave, sobre o ímpeto criativo sob o efeito do álcool e das drogas ou sobre o Ângelo de Lima e a loucura dos outros, Nuno Moura foi primeiro telefonar a Helena Vieira, cúmplice na fundação da Mariposa Azual. Tinha-lhe nascido o primeiro neto, “isso, sim, verdadeiramente importante”.