GRADA KILOMBA

Artista visual e plástica | Novembro 2017 | Alemanha

O som da diáspora africana é circular. Na sua qualidade metafísica, a música sempre foi usada como forma de ocupar um espaço onde não se podia estar presente fisicamente. É, nas palavras da artista plástica e visual Grada Kilomba, um statement político. Daí a importância do som nas suas obras. A esta artista e professora universitária que nasceu em Lisboa e vive em Berlim, interessa-lhe descolonizar os formatos de produção da arte, desbloquear a performatidade da “brancura”, da “whiteness”, que está na raiz de todos os processos de conhecimento. É urgente desvincular as identidades de rótulos que lhes foram incutidos – a de que a mulher branca é casta, a negra sexualizada, o homem negro infantil e o árabe fundamentalista – e reescrever a História através de uma multiplicidade de pontos de vista. Não há frase mais simples e mais assertiva para colocar por terra quaisquer debates acerca do uso da palavra “descobrimentos” do que esta, usada nesta entrevista por Grada Kilomba: não se descobre um continente onde vivem milhões de pessoas.