Actor/ Encenador | Maio 2016 | Portugal
Há sempre momentos em que sentimos aquele “o que é que eu estou aqui a fazer”. Não é melancolia, não é excesso de discernimento, é uma capacidade de nos distanciarmos perante as coisas, de as relativizarmos – uma faculdade de nos reconhecermos enquanto entropia. Gonçalo Waddington falou sobre esta e outras questões como a de saber rir de si próprio, do seu sentido de humor mordaz ou sobre a aventura de se ter posto a ler os sete volumes de ‘Em Busca do Tempo Perdido’ de Proust para escrever ‘Albertine, o Continente Celeste’, a peça de teatro que encenou antes de ‘O Nosso Desporto Preferido – Presente’, que estreia agora no início de Junho no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, integrada no festival Alkantara. As duas peças foram editadas em livro pela Abysmo, a editora de João Paulo Cotrim de quem os autores dizem que os trata como família. Costumam até promover jantares e longas tertúlias no restaurante ao lado do escritório da editora – Valério Romão incluído, o escritor de ‘Autismo’ e ‘O da Joana’ que aproximou Waddington da “família”. A certa altura, Albertine vira-se e diz “mil vezes levar no cu do que levar com as tuas parvoíces”. Podia ser uma frase saída de uma dessas noites.