Escritora | Janeiro 2017 | Portugal
Não imaginava que a ficção lhe pudesse perturbar tanto as memórias. Dulce Maria Cardoso confessa que durante quase 30 anos decorou e embelezou as suas recordações para poder vir a usá-las, como o fez no livro que escreveu sobre a experiência de uma família de retornados das ex-colónias a viver em Portugal no pós-25 de Abril. Dulce Maria Cardoso refere que, com a escrita de ‘O Retorno’ (Tinta da China, 2011) e através das muitas reacções de familiaridade de leitores às personagens e às histórias do romance, as suas memórias passaram a ser as suas e as do livro. E aproveita para criticar a ideia de perpetuarmos de forma enaltecida o passado imperialista do País, relacionando-a com o facto de não nos sabermos pensar enquanto povo. Autora de ‘O Chão dos Pardais’ (Asa, 2009) e do duríssimo ‘Os Meus Sentimentos’ (Asa, 2005; Tinta da China, 2014), Dulce Maria Cardoso diz-nos que a felicidade é uma obrigação.