CAMANÉ

Cantor/ Fadista | Julho 2015 | Portugal

O gira-discos começou a tocar um tema seu e a cara de Camané ficou apreensiva, intimidada por estar a ouvir-se cantar, quando fomos apresentados na casa de um amigo comum, o realizador Bruno de Almeida. Para as actuações ao vivo, o fadista diz-nos que aprendeu a lidar com esse acanhamento, no início lembra-se de se confrontar sempre com duas opções assim que pisava um palco: a de fugir ou a de ficar. Escolheu sempre ficar. Hoje refere ter uma paixão enorme quando actua, consegue libertar-se e entregar-se à canção, servir a sua história. Da atitude muito punk de viver as coisas na juventude, da dificuldade que sentia em relacionar-se com as pessoas, considera-se aos 48 anos uma pessoa feliz em palco, até porque para si o fado é uma forma de exorcizar a tristeza. A ideia de verdade no que canta é-lhe fundamental, o tempo está sempre presente nos seus discos e diz não ser possível não acreditar em Deus quando se ouve Amália cantar. Foi quem passámos o resto daquela noite a ouvir.