BRUNO BRAVO

Actor/ Encenador | Março 2016 | Portugal

“Pôs-se a pensar, lixou-se.” A frase é encaixada na serenidade de Bruno Bravo, que, depois de terminada a entrevista, se referia ao desejo de encenar ‘MacBeth’ até ao final do ano. Nunca trabalhou Shakespeare, o dramaturgo “mais difícil” de todos. Além de ser uma produção barata, em ‘MacBeth’ Bravo pode continuar a explorar o som enquanto corpo, enquanto elemento dramático, ideia que tem experimentado em encenações anteriores, inclusive a última, ‘Pinocchio’, uma adaptação do conto de Carlo Collodi que esteve agora em cena no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Há toda uma dança de sombras e de escuro, de silêncios e de vozes, as mesmas com que ouvia a mãe ler-lhe a história em criança, na hora de dormir. Quanto mais avança no tempo, o da sua própria vida, mais regride no tempo, o dos autores que mais lhe interessam explorar. Tem um fascínio pela tragédia grega e os seus coros, Oscar Wilde é uma recorrência, Ibsen um arquitecto, Beckett já encenou duas vezes – ‘Lindos Dias’ e ‘Endgame’ – e nem pensar em regressar ao dramaturgo irlandês, é demasiado perfeito. Como se refere em ‘Endgame’, que estreou no espaço lisboeta da Karnart em 2004 pela Primeiros Sintomas – companhia que fundou com Sandra Faleiro em 2001 –, “o fim está no princípio e no entanto prosseguimos”.