ANDRÉ CEPEDA

Fotógrafo | Setembro 2015 | Portugal

Houve uma pergunta que o fez dizer que achava que a entrevista não lhe estava a correr bem, as ideias não lhe saíam. E, no final, depois de desligada a câmara e retirado o microfone de lapela, André Cepeda deu-lhe uma resposta à altura. Dizia ele que, perante a pergunta que toda a gente faz – a de como é que conseguiu o grau de intimidade com aquelas pessoas portuenses que vivem em condições miseráveis nas chamadas ilhas, ruas de casas de 30 metros quadrados, geminadas, mandadas construir por empresários aquando da revolução industrial e que ainda hoje persistem, mas de forma invisível, na periferia da cidade –, não sabe já o que responder. Diz este fotógrafo, autor do livro ‘Ontem’, que ter de explicar a forma como conseguiu captar aqueles momentos retira o fascínio à fotografia. Nas suas palavras: “as pessoas querem sempre soluções, não tem de haver uma resposta”. Depois de uma primeira conversa no seu estúdio na Rua de Cândido dos Reis, junto à Rua da Galeria de Paris, no Porto, falámos ainda sobre os projectos ‘Moving’ e ‘Rien’, sobre o ponto de viragem que a máquina de grande formato Linhof operou no seu trabalho ou sobre a importância do erro, numa entrevista que vai servir também de texto para a edição do livro comemorativo dos 10 anos da Solar – Galeria Cinemática, em Vila do Conde, na qual expôs em 2006.