Escritor/ Ilustrador | Junho 2016 | Portugal

Chegou e disse ter acabado não de vir do Alentejo mas de estar a acampar com a mesma luminosidade com que falou sobre livros, os seus e os dos outros, sobre as suas ilustrações, sobre as mais diversas correntes de filosofia, sempre presentes na sua obra. O trabalho de Afonso Cruz tem luminosidade em tudo: na muita imaginação e fantasia das suas histórias, por mais dramáticas que possam ser; na forma como nos conta essas mesmas histórias – a estrutura, a cadência e corte, a musicalidade –, como se estivesse na sala ao nosso lado do mesmo modo que nas noites frias de Inverno as nossas avós nos falavam sobre bruxas e almas luminosas a voar pelos canaviais; e no prazer da partilha de conhecimento, como ficarmos por exemplo a saber em ‘Flores’ (Companhia das Letras, 2015) que a madeira de que é feito um contrabaixo se comporta de formas distintas consoante o tipo de música que nele é tocado. Prémio da União Europeia para a Literatura com ‘A Boneca de Kokoschka’ (Quetzal, 2010), membro da banda The Soaked Lamb, Afonso Cruz vive no Alentejo, produz cerveja artesanal e foi dela que começámos por falar, numa tarde demasiado quente de Junho.